Archive for dezembro 2013

A volta dos que não foram - Mercado Estrangeiro, parte 1

Duas coisas levaram a criação dessa nova publicação. A primeira delas foi o sucesso do primeiro texto sobre os eternos rojões molhados, que consistia num time imaginário onde as maiores promessas do futebol brasileiro dos anos 2000 enfrentariam outro time brasileiro com esse mesmo critério. A segunda motivação é que esse fenômeno dos rojões molhados não é exclusividade nossa, sendo que a quantidade de jogadores estrangeiros que não deram certo é absurda.

Os critérios são quase os mesmos da primeira publicação, a querida "A volta dos que não foram". Desta vez, todos os jogadores analisados são de 2000 em diante (nada de jogadores revelados em 1996). Como a quantidade de jogadores no mercado estrangeiro é bem maior, foi necessário um critério mais rigoroso. Além disso, como não existe a Copa São Paulo de Futebol Junior como parâmetro, foi estabelecido que todos os jogadores analisados teriam que ter disputado, ao menos, uma competição oficial de categoria de base entre seleções.

Lembrando que essa lista não é somente de promessas europeias. Aqui você encontrará jogadores latinos, asiáticos, africanos e até árabes. Assim como na primeira publicação do "A volta dos que não foram", o time A será escalado (dessa vez com campinho e tudo!) na primeira parte e, na segunda parte o time B terá sua vez.

Prontos? Assim fica o TIME A do mercado estrangeiro das promessas que não vingaram:

Algumas das maiores mentiras do futebol, especialmente a dupla Giovani dos Santos e Freddy Adu, num esquema tático bastante ousado.

Sergio Asenjo - 9 entre 10 pessoas que viram Sergio Asenjo jogar pelas categorias de base da seleção espanhola cravavam que o atual goleiro do Villareal seria o maior de sua geração. Revelado pelo Valladolid, Asenjo apareceu muito bem na geração de ouro espanhola que venceu a Euro Sub-19, em 2007. Porém, após esse burburinho todo em 2007, o goleiro espanhol começou a cair no ostracismo que muitos dos goleiros espanhóis estão acostumados. Asenjo disputou com a seleção espanhola os torneios sub-21 do Mundial e da Euro, em 2009, mas sem obter sucesso algum. Mesmo sem repetir as boas atuações nas categorias de base, o goleiro conseguiu uma transferência do modesto Valladolid para o Atlético de Madrid na temporada 2009/10. Asenjo começou como titular da meta Colchonera, porém, após inúmeras falhas o goleiro virou reserva de outra revelação espanhola: De Gea. O atual goleiro do Manchester United teve uma temporada fantástica defendendo o gol do Atlético, impossibilitando que Asenjo retomasse a posição e fazendo que fosse emprestado ao Málaga. De Gea manteve a condição de titular até ser negociado com os Red Devils, na temporada de 2011/12. Esperava-se que Asenjo fosse retomar a posição de titular, se não fosse pela excelente pré-temporada de Thibaut Courtois, goleiro belga que veio por empréstimo do Chelsea aos Colchoneros. O rojão molhado espanhol manteve-se nessa condição por mais duas temporadas até ser emprestado novamente, só que dessa vez para o Villarreal, onde encontrou a titularidade momentânea.


Bosingwa - O lateral-direito português, que nasceu no antigo Zaire, ficou famoso pela estupenda partida que fez pelo Porto na final da Champions League, contra o Mônaco, em 2004. Bosingwa, que devido a sua força e apoio ao ataque, era constantemente comparado à Cafu. Após cinco temporadas com o Porto, o jogador trocou as terras lusitanas pela terra da rainha - mais precisamente pelo Chelsea - sendo que jogador foi um pedido especial de José Mourinho, que o treinou naquela saga do Porto até conquistar a "orelhuda". Entretanto, quando tudo parecia encaminhado para o sucesso do lateral português, sob a batuta de um compatriota, o sonho ruiu. Bosingwa contabilizou inúmeras partidas abaixo da média, um monte de gols-contra, gols perdidos e até erros em cobranças de lateral. O jogador chegou a ser rebaixado para a equipe reserva dos Blues devido as falhas. Na temporada passada, Bosingwa trocou o Chelsea pelo Queens Park Rangers não só pela esperança de reencontrar o futebol que o fez famoso nos tempos de Porto, mas também na esperança de reconquistar uma vaga na seleção portuguesa. Até o momento, o lateral, hoje com 31 anos, não conseguiu embalar no futebol inglês (foi negociado com o Trabzonspor-TUR) e também falhou miseravelmente em retornar à seleção.

Royston Drenthe - O nosso lateral-esquerdo ficou muito famoso quando trocou o Feyenoord pelo Real Madrid por cifras milionárias e irrisórias por sua respectiva fama na época. Drenthe, um lateral "moderno", que era famoso pelo apoio ao ataque e com chutes potentes vindos de sua perna esquerda, logo beliscou uma vaga entre os titulares merengues. Vale lembrar que Drenthe fazia parte do "pacote holandês" que o Real Madrid trouxe para a temporada, que contava com Sneijder (Ajax), Van der Vaart (Ajax) e Robben (Chelsea). Também vale lembrar que nenhum deles vingou no Real Madrid, especialmente os últimos três, que foram negociados com outras equipes antes do próprio Drenthe. No entanto, por que eles não estão na lista de rojões molhados? Simples. Sneijder, Van der Vaart e Robben trocaram o Real Madrid por Inter, Tottenham e Bayern de Munique na hora certa e retomaram o rumo de suas carreiras, o que não aconteceu com o Drenthe, que preferiu continuar no Real por mais três temporadas até ser emprestado ao Hércules, em 2010/11. Drenthe até que começou bem no nanico espanhol, onde até fora destaque numa partida contra o Barcelona de Messi e cia ltda (naquela temporada fantástica dos catalães), em que seu clube venceu o Barça por 2x1, com um gol do holandês e outro do atacante paraguaio Nelson Valdez. Depois desse brilhareco, Drenthe não apareceu mais na mídia e fora esquecido de vez pela seleção holandesa. Após sua passagem pelo Hércules, o lateral-esquerdo fora emprestado pelo Real Madrid ao Everton, e na temporada seguinte negociado com o Alania-RUS. Atualmente, Drenthe atua pelo Reading, na segunda divisão da Inglaterra.

Burdisso - Quando chegar o dia de Nicolás Burdisso fazer a passagem para o outro mundo, apesar de mórbido, seria conveniente escrever em sua lápide "o eterno reserva". Famoso em toda América do Sul, Burdisso fez uma jornada extraordinária em seus cinco anos de Boca Juniors. Jogando pelos Xeneizes, o zagueiro conquistou TRÊS Libertadores (2000, 2001 e 2003) e DOIS Mundiais, além de DUAS Aperturas, UM Mundial Sub-20 e UMA Olimpíada. Currículo invejável, não? Graças à sua marcante passagem pelo clube argentino, Burdisso conseguiu um contrato com a Inter de MIlão, onde disputaria vaga com Córdoba, Mihajlovic, Materazzi e Gamarra. Resultado? Banco de reservas para ele. No entanto, famoso pelo temperamento difícil, Burdisso pediu para ser emprestado ao Boca logo após sua chegada à equipe Nerazzurri. Após sua volta de empréstimo, o zagueiro argentino, ídolo no Boca, não conseguiu manter-se entre os 11 titulares da Inter, sendo que foram os vários fatores que contribuíram para o seu "azar". O primeiro deles é a baixa estatura (1,83m), apesar do ótimo desempenho no chão. O segundo problema era a concorrência. Logo após assinar com a Inter, além desses jogadores já citados, Burdisso enfrentou a concorrência de Cristian Chivu, Walter Samuel (conterrâneo) e Lúcio - sem contar que Patrick Vieira geralmente jogava de zagueiro também. O terceiro empecilho na carreira de Burdisso era a enorme lista de contusões sofridas ao longo de seu contrato com os Nerazzurri. Todo mundo sabe da qualidade do zagueiro argentino, que apesar de todos esses problemas sempre foi convocado à seleção de seu país - ainda como reserva. Sua liderança, confiabilidade e baixo salário lhe garantiram um contrato com o seu atual clube, a Roma. Burdisso até que começou bem a sua primeira temporada com a Roma, em 2009/10, porém, as lesões tornaram a atrapalhar o zagueiro. Contratado para ser titular e botar ordem na casa romanista, Burdisso voltou a enfrentar os três fantasmas que o perseguiam na Inter. Ah, ele ainda é reserva.

Woodgate - Quem nunca contratou o zagueiro inglês na Master League que atire a primeira pedra! Jonathan Woodgate, revelado pelo Leeds e com ótima passagem pelo Newcastle, era nome certo nas convocações para a seleção inglesa. Bom no jogo aéreo e preciso nos desarmes, Woodgate fora contratado pelo Real Madrid, no mesmo pacote que continha Michael Owen, na temporada de 2004/05. Pelos merengues, o zagueiro inglês teve a companhia de outro jogador conterrâneo, o meia David Beckham, que assegurou a chegada da promessa inglesa como a solução de todos os problemas defensivos da equipe. No entanto, a realidade foi totalmente obscura e contraditória ao que Beckham havia cravado sobre o colega de seleção. Woodgate, que na Inglaterra gozava de um respeito técnico muito grande, foi um dos maiores "nonsense" da história do Real Madrid devido às péssimas atuações descontadas em seu péssimo timming, descolando ao jogador uma quantidade assustadora de cartões vermelhos. Por isso, o zagueiro enfrentou a temida geladeira merengue, de onde poucos jogadores se safam. Foram três anos atuando no Santiago Bernabéu, sendo que duas dessas temporadas pouco se ouvia falar do zagueiro. Para se ter noção, Woodgate era a última opção dos treinadores Galáticos, que preteriam o jogador e escalavam "coisas" como Raul Bravo, Paco Pavón, Ivan Helguera, Álvaro Mejia, além dos já consagrados Sergio Ramos, Fabio Cannavaro e Christoph Metzelder. Sua curta estadia de três temporadas no gigante de Madrid terminou quando o jogador fora negociado com o Middlesbrough, na temporada de 2006/07. Por lá, Woodgate tornou a desempenhar uma temporada mais regular, com duas temporadas seguidas como titular do modesto Boro até ser vendido ao Tottenham em 2008. Nos Spurs, o zagueiro inglês tornou a ser esquecido e amargou o banco na maioria de suas quatro temporadas em White Hart Lane. Sem espaço no futebol de alto nível, longe da seleção inglesa e com poucas propostas, Woodgate foi parar no Stoke City, clube conhecido pelo poderio defensivo. Onde se imaginava a retomada do futebol daquele que outrora era apontado como esperança na defesa inglesa, foi na realidade a afirmação de que Woodgate era uma das maiores mancadas do futebol. O zagueiro não durou uma temporada inteira e já fora negociado com o Middlesbrough, clube que o acolheu após sua desastrosa passagem pelo Real Madrid. No entanto, o Boro se encontra na segunda divisão inglesa, longe do glamour que Woodgate imaginou um dia ter.

Gabri - O futuro do Barcelona reside nos pés de um meio-campista cerebral, que joga como volante, porém não é caneludo. Suas principais características são os passes precisos e lançamentos magistrais que colocavam os atacantes Culés na cara do gol. Parece que estamos falando sobre o fantástico meia Xavi Hernández, que mudou o curso da história blaugraná. Entretanto, o tópico dessa conversa é outro jogador revelado nas canteiras de La Masia, a fábrica de jóias do Barcelona. Gabri é a prova viva de que nem tudo o que o Barça faz é bonito, e que às vezes saem umas coisas bem estranhas de lá. Revelado na época de 1999/00, Gabri era pautado pelos principais jornais da Espanha como o cisne mais belo que um clube espanhol já ousou preparar para o mundo do futebol, e que o outro menino que subia consigo, um tal de Xavi, viveria às sombras do volante carequinha e dos outros titulares Culés - que eram simplesmente Philip Cocu, Pep Guardiola, Ronald de Boer, Luis Enrique e Zenden! Para se ter uma ideia, Xavi vestia a camisa 26 do Barcelona à época e o Gabri usava a 18. Porém, para a sorte do Barcelona, o curso da história provou que os jornais e a diretoria estavam errados sobre os camisas 26 e 18. A trajetória de Gabri e Xavi também se cruzavam nas categorias de base da Espanha, e entre 1999 e 2004 os dois dividiram as ações da meia-cancha da Fúria, e na final das Olimpíadas de 2000 (quando o Brasil fora eliminado pela seleção de Camarões, do atacante Eto'o) os dois volantes marcaram os gols da Fúria, que empatou em 2x2 com os africanos e posteriormente perderam o título nas cobranças de pênaltis por 5x3. Como dito antes, Xavi provou à todos que era melhor que Gabri, e condenou o volante ao banco de reservas. Mais à frente, na temporada de 2006/07, Gabri fora negociado com o Ajax, pois o Barça planejava contextualizar seu modo de jogar em cima do craque Xavi, que já era dono da camisa número 6. Durante 10 anos (três como jogador do Barça B), o volante conquistou nove títulos com o Barcelona, inclusive aquela Champions League de 2005/06, em seu último ano como um Culé, contra o Arsenal. Gabri, apesar da fama de "flop" (termo que os europeus dão aos seus rojões molhados), manteve-se no gigante holandês, conquistando duas Copas e uma Supercopa. O volante não só se manteve, como também conseguiu ficar por quatro temporadas com o Ajax, sempre alternando entre titular e reserva, até ser vendido ao Umm-Salal-QAT. Ironicamente, após sua venda, o Ajax também reimplantou em seu time um esquema mais ofensivo, recheados de jovens promessas e que eram liderados pelo treinador, e ídolo, Frank de Boer. Depois de se aventurar pelo Mundo Árabe, Gabri voltou à Europa para se aventurar no futebol suíço, defendendo as cores azuis do Sion e as vermelhas do Lausanne.

Miguel Veloso - Tratado como joia nas categorias de base do Sporting, Veloso subiu aos profissionais para ser o grande capitão, a pedra fundamental dos falidos Leões. Como Veloso está escalado no nosso time de rojões molhados, obviamente o volante não conseguiu se destacar em terras lusitanas. Mas, voltando um pouco no passado, Miguel Veloso era sempre cotado, desde suas aparições nas categorias de base de Portugal (onde conquistou a Euro Sub-17, em 2003), em grandes clubes como Manchester United, Barcelona, Chelsea (durante o reinado de José Mourinho), Arsenal e tantos outros gigantes. Esse assédio todo era explicado por suas características ímpares, pois o volante tinha um ótimo senso de marcação e fineza no trato com a bola, e sua promoção aos grandes nomes lusitanos parecia ser inevitável. A derrocada de Veloso pode ser atrelada ao péssimo desempenho do Sporting, clube que não conquista uma liga desde 2001/02, e sempre decepciona os fãs, já que Cristiano Ronaldo, João Moutinho, Nani e outros grandes nomes saíram do mesmo buraco que ele. A má fase da seleção portuguesa também pode ser usada como desculpa por Miguel Veloso, já que todos imaginavam que essa prolífera geração daria conta do recado e traria mais taças à capital Lisboa. Apesar de tudo, mesmo estando com 27 anos, Veloso ainda participa das convocações lusitanas, inclusive participou da Copa do Mundo de 2010, em solo africano, onde obteve uma apresentação horrorosa, cheia de cartões amarelos e vermelhos. Marcado pela displicência e falta de conduta, as propostas que eram especuladas, e que viriam dos grandes clubes já citados, se tornaram numa mera oferta de mercado vinda do Genoa, onde o jogador não se destacou e fora vendido ao Dynamo Kiev, sua atual casa.

Giovani dos Santos - Craque, gênio, o prodígio mexicano, aquele vai levar o México às finais de Copas do Mundo. Eram esses os adjetivos dados ao jovem ponta-esquerda/meia-ofensivo, do Barcelona e da seleção mexicana. Filho de Zizinho (NÃO AQUELE) - que fora revelado pelo São Paulo e que construiu toda a sua carreira no México -, Giovani dos Santos é mais uma promessa de La Masia, a já citada academia de talentos do Barça, que não vingou. O jovem mexicano, segundo o próprio Guardiola, era dotado de uma arrogância estupenda, o que infligia em sua maneira de jogar. Toques de lado, participação zero na marcação dos zagueiros (marca registrada do Barcelona), faltas desnecessárias e certa rusga com Messi foram os motivos de sua saída do Barça. Porém, antes de tomarem a decisão de vendê-lo ao Tottenham, algo comichava atrás dos ouvidos dos dirigentes catalães: a sua homérica participação no Mundial Sub-17, quando o México derrotou o Brasil na final por 3x0. Dos Santos, que fora considerado o Golden Boy daquela edição, além de ter desempenhando uma jornada de classe mundial, era o nome falado em todo mundo. Já pela seleção mexicana, Giovani dos Santos alternava bastante os seus desempenhos nos gramados. O jovem, apesar da alternância, conquistou duas Copas Ouro, e fora considerado o craque das duas edições. Mas, falando do dia-a-dia do futebol, dos Santos não se firmava em nenhum lugar, e acabou sendo emprestado pelos Spurs ao Ipswich Town (na ocasião, clube da segunda divisão inglesa), ao Galatasaray e ao Racing Santander. Na temporada de 2012/13, a paciência judaica dos dirigentes do clube inglês esgotou-se e decidiram por vender o jogador ao Mallorca, após cinco temporadas de contrato com o clube. No entanto, na temporada passada, Giovani dos Santos destacou-se na fraquíssima campanha do clube espanhol (culminou com o rebaixamento do clube do litoral espanhol) e acabou sendo vendido ao Villarreal, recém-promovido à primeira divisão. Ao contrário de Giovani, Jonathan dos Santos (que tem cidadania brasileira, diferentemente do irmão) ainda está em Barcelona e é frequentemente usado por Tata Martinez.

Freddy Adu - O novo Pelé, segundo a mídia americana. No final de 2002, fomos pegos de surpresa com a seguinte matéria: "EUA revela o novo Pelé". "Minha nossa, os americanos aprenderam a jogar futebol!", essa foi a minha reação após ver a matéria exibida pela TV Bandeirantes. Negro, rápido, forte, matador, joga contra jogadores mais velhos e se destaca. Era isso que a matéria dizia, na época. Ao menos temos de admitir que a história contada por eles era muito parecida com a de Pelé, porém - com um grande e suntuoso PORÉM -, essas grandes apresentações aconteciam na terra do McDonald's, onde o futebol era amador e infértil. Outra coisa que era questionável sobre suas habilidades: de 2003 à 2007, longo período em que participou do campeonato americano de futebol profissional, seus números não eram dignos nem de um Bebeto. Estranho. MUITO ESTRANHO. No entanto, mesmo sob essa plausível desconfiança do mundo inteiro, o americano firmou um contrato com o Benfica, o gigante português. A princípio, o jogador viria para integrar o Benfica B, onde ficou seis meses. Porém, mesmo com uma fraquíssima participação nas Olimpíadas de 2008, o jogador conseguiu ser emprestado ao Mônaco para ajudar o clube na luta contra o rebaixamento na League One. Missão cumprida não por ele, mas pelos outros companheiros de equipe, já que lá ele era pouco utilizado. Em meados de 2009, Adu voltou à Portugal, mas não para defender o Benfica. Na terrinha, o jovem atacante americano fora emprestado ao Belenenses para melhorar os seus fundamentos. Houve melhora? Que nada! O americano não chegou a ficar uma temporada completa em Portugal, sendo repassado ao Aris-GRE. Após seis meses na Grécia, o jogador foi novamente emprestado ao Rizespor-TUR, que disputava a SEGUNDA DIVISÃO do país. Farto dos péssimos desempenhos do jogador de origem ganesa, o Benfica rescindiu o contrato de Adu, que acabou assinando com o Philadelphia Union, em 2011. Após dois anos em casa, algo digno de Football Manager aconteceu! O Bahia trocou o volante Kleberson com o clube de Adu para que ele disputasse o Brasileirão deste ano. Em Salvador, o americano fora utilizado em duas circunstâncias, ambas vindo do banco de reservas, e com o pífio aproveitamento de 20 minutos no campeonato todo! Atualmente, o novo Pelé está sem clube.

Cassano - Antonio Cassano podia muito, muito, muito mais. Só que ele não quis ser muito mais. O atacante italiano, revelado pelo Bari, e que ficou conhecido pela grande parte do mundo quando trocou o pequeno clube do estado de Puglia pela Roma, era um jogador em ascensão e de características idênticas as de Totti - já que ele estava à caminho do clube do Eterno Capitano. O seu desempenho na primeira temporada pela Giallorossi foi estupendo, causando um impacto gigantesco após levar a Roma ao vice-campeonato, ficando atrás da Juventus (campeã) por apenas 1 ponto. Mas, o que mais chamava a atenção para o Cassano eram suas características totalmente opostas ao futebol praticado pelos atacantes italianos, sendo que a jovem promessa possuía dribles insinuantes, muita correria e um descaso muito grande com a marcação. Seu entrosamento com Totti era de se encher os olhos, e, excluindo o Scudetto de 2000/01, uma temporada antes de Cassano assinar com a Roma, nunca se viu o Totti jogar tanta bola quanto ele jogou com o Cassano! Em suas cinco temporadas pela Giallorossi, Cassano fez 153 jogos e marcou 50 gols, porém, o atacante passou em branco no que se resume a títulos. Na temporada de 2005/06, após participar da Eurocopa de 2004 e vindo de uma temporada razoável com a Roma, Cassano trocou a capital italiana pela capital espanhola para defender o Real Madrid a pedido, pasmem, de VANDERLEI LUXEMBURGO (flashback: o treinador permaneceu durante o ano inteiro de 2005 no comando do Real). Era de se esperar que o Cassano fosse brilhar no clube merengue, já que Raul não gozava de muito respeito com o Luxa, além de que o Robinho, recém-chegado, ainda se adaptava à maneira europeia. Também era esperado que Cassano firmasse uma dupla de ataque com Ronaldo tão fulminante quanto fora com Totti nos tempos de Roma. Os números traduzem muito bem as duas temporadas de Cassano com o Real: o jogador atuou em apenas 29 partidas com míseros 4 gols anotados. O principal fator que desequilibrava contra Cassano era justamente o seu maior amor: a gandaia. Apesar de ser ridiculamente esquisito, o atacante afirma ter um poder "sobrenatural" com as mulheres, resultando numa declaração onde, para espanto geral de todo mundo, ele afirma ter saído com mais de duas mil (loucas) mulheres. Ao contrário de sua fama fora de campo, o italiano saiu tão por baixo do Real Madrid que sua transferência para a Sampdoria saiu praticamente despercebida durante o mercado de transferências, algo inimaginável para os admiradores do Calcio que davam como certo o seu sucesso no mundo futebolístico. No entanto, antes mesmo de se perpetuar como um grande fracasso, Cassano tinha na Sampdoria a sua chance de se redimir no futebol e tentar voltar à um grande centro. A passagem de Cassano pelo tradicional clube de Genova foi um grande paradoxo, pois o atacante ao longo das quatro temporadas na Liguria desempenhou momentos altos e baixos - talvez a Samp fora o melhor momento de Cassano após sua saída da Roma, já que o atacante conseguiu classificar a Sampdoria à última fase de qualificação para integrar a fase de grupos da Champions League. Durante essas quatro temporadas, o jogador entrou em campo 112 vezes e marcou apenas 39 gols. Cassano saiu brigado da Sampdoria após xingar o presidente e questionar as ambições da Samp com relação à sua pessoa. Depois da Sampdoria, Cassano beliscou uma vaga no elenco do Milan - e também na seleção italiana, onde disputou a Eurocopa de 2012 -, time que defendeu por três temporadas discretas, marcando oito gols em 40 partidas. Seu fraco desempenho não impediu que o clube Rossonero o trocasse com a arquirrival Inter, em 2012/13. Após uma temporada tão fraca quanto às de outrora, Cassano fora emprestado nesta temporada ao Parma com as pampas de "grande reforço para o centenário do Giallo Blu".

Roque Santa Cruz - Existem dois tipos de rojões molhados: os pernas-de-pau e as decepções. Como diferenciar um perna-de-pau para um jogador decepcionante? Fácil. Um perna-de-pau é aquele que se destaca num cenário duvidoso, sem muita procedência, e que na hora H ele "peida". Um jogador decepcionante é aquele profissional que tinha potencial, mostrava habilidade em diversas situações, mas que por condições extra-campo, azar, mal-gerenciamento da carreira ou simplesmente falta de comprometimento, não vingaram. Esse é o caso do paraguaio Roque Santa Cruz. Revelado pelo Olímpia em 1998, Santa Cruz é um centroavante alto (1,91m) e com boa técnica nos pés, uma combinação perfeita para um jogador nessa posição explodir no futebol contemporâneo. Seu sucesso nas categorias de base do Paraguai somado ao seu ótimo debute num dos principais clubes da América do Sul lhe credenciou a assinar um contrato valioso com o gigante Bayern de Munique, em 1999. Tratado como joia pelos alemães, Santa Cruz veio para fazer parte de uma reestruturação do clube bávaro, que recentemente havia perdido a Champions League para o Manchester United no último lance da final. Os grande nomes da linha ofensiva alemã eram os brasileiros Paulo Sérgio e Élber, que tinham como substitutos imediatos os alemães Jancker e Zickler. Mesmo sendo uma promessa, Roque Santa Cruz tinha suas oportunidades durante os primeiros dois anos na Alemanha. Pela seleção paraguaia, Santa Cruz encantava os latinos, que por sua vez não entendiam como esse cara era reserva lá na Bundesliga. Seu ápice fora durante a Copa do Mundo de 2002, onde mesmo tendo marcado apenas um gol, mostrou a sua habilidade em armar as jogadas de ataque e de segurar os zagueiros adversários na disputa pela bola (algo que ele aprendeu com o treinador, e lenda italiana, Cesare Maldini). Essa habilidade havia sido perdida durante um bom tempo no futebol, mas Santa Cruz era capaz de ressuscitá-la como poucos. De volta aos dias de Bayern, o paraguaio teve de conviver com as contusões e dificuldades de se manter no peso correto. Sabendo do potencial de seu centroavante, os dirigentes bávaros sempre renovavam seu contrato, amarrando-o ao clube sempre que surgia a hipótese do jogador trocar de ares em busca de um clube que lhe desse mais oportunidades de atuar como titular. Entretanto, o baque das contusões atrapalharam demais no projeto do paraguaio de se tornar um jogador de classe mundial, levando-o a atuar em 235 partidas pelo Bayern com apenas 53 gols anotados. Após ficar escondido por OITO temporadas no gigante alemão, Santa Cruz acertou a sua transferência para o Blackburn, clube que sempre lutava pelas posições intermediárias na Premier League. Jogando como titular, o paraguaio reencontrou o caminho para o sucesso com uma ótima campanha de 40 partidas e 22 gols na temporada de 2007/08, e de 27 partidas e seis gols em 2008/09 - na segunda temporada com os Rovers, Santa Cruz rompeu os ligamentos do joelho novamente e perdeu todo o segundo turno da Premier League. Revitalizado no mercado, Santa Cruz foi comprado na temporada de 2009/10 pelo Manchester City, que na época havia sido vendido ao ambicioso magnata tailandês e que pretendia transformar o Sky Blue numa potência mundial. No entanto, o paraguaio ficou perdido no meio da baciada de jogadores que o City trouxe com a injeção de dinheiro do velho tailandês, que contava com Robinho, Tevez, Bellamy e Adebayor (só para ficar entre os atacantes). A concorrência era desleal já que Santa Cruz ainda voltava da contusão no joelho, o que lhe sujeitou a participar de apenas 24 jogos em duas temporadas com os Citizen, marcando apenas QUATRO gols. Visando uma boa forma física e continuidade para poder servir o seu país na Copa do Mundo de 2010, o paraguaio foi emprestado ao Blackburn, time que lhe reprojetou ao futebol. Entretanto, Santa Cruz falhou novamente em desempenhar todo aquele futebol que nós conhecíamos no começo de sua carreira, fazendo apenas 10 aparições na temporada inteira e sem marcar um gol sequer. Essas estatísticas medíocres não impediram que ele fosse convocado para a Copa, onde ele foi titular e saiu da Africa do Sul com uma assistência contabilizada em seu caderninho. Já na temporada de 2011/12, Santa Cruz, que não tinha espaço no robusto elenco do Manchester City, foi novamente emprestado, só que dessa vez ao Bétis. Com uma regularidade maior de 35 partidas, o paraguaio marcou sete gols, um número baixo, mas que se você for pesar na balança levando em consideração as desvantagens físicas de Santa Cruz é um número satisfatório. Deve ter sido isso o que pensou o Málaga quando acertou a contratação do nosso querido atacante, em 2012/13, visando a Champions League. Santa Cruz, que já tem 32 anos (inacreditável, eu sei!), é um caso lastimável daqueles jogadores que nós tínhamos certeza de que daria certo, mas que não deu.

Um time abençoado

"O sofrimento valeu a pena", sentenciou Leandro Romagnoli, meio-campista campeão do Torneo Inicial de 2013 pelo San Lorenzo. De quase rebaixado em 2012 para campeão argentino de 2013, El Ciclón sobreviveu a grandes catástrofes em sua centenária história. E o clube quase viu tudo ruir abaixo na última rodada, desde os gols no estádio Marcelo Bielsa até o petardo de Allione no travessão Cuervo. Que lástima, El Ciclón!

Los Cuervos, como é carinhosamente chamado o San Lorenzo e os seus adeptos, ficaram mais famosos recentemente devido ao fanatismo do Papa Francisco pelo clube do descontrolado bairro de Boedo. Famosos pelas murgas e carnavais, o bairro é pequenino, sendo que sua extensão compreende a esquina de San Juan até a avenida Boedo. Querido por muitas pessoas famosas, dentre eles Viggo Mortensen - talvez muito mais fanático que o próprio Papa-, o San Lorenzo é muito maior do que parece ser.

Muitos clubes possuem chagas e inúmeras feridas abertas. Alguns, por terem uma torcida colossal, chamam mais atenção para esses problemas do que outros clubes de mesma tradição, mas com torcida em menor escala. Agora imagine um clube que fora desapropriado de sua própria casa, sem motivos plausíveis, e teve que vê-la ser derrubada até o último bloco de concreto. Foi o que aconteceu com o San Lorenzo.

Mediano no continente, porém gigante na Argentina, o San Lorenzo é chamado de El Ciclón devido aos esquadrões de matadores que teve na década de 1960. Década na qual o Papa Francisco costumava frequentar o antigo estádio El Gasómetro, em Boedo, que fora expropriado pela ditadura argentina e depois vendido para um conglomerado de supermercados franceses. Letalmente lesados, o San Lorenzo ganhou na Justiça o direito de voltar ao seu local sagrado. Várias campanhas de "compre seu pedaço de Boedo" foram lançados pela direção do clube - que conta com a ajuda do Papa, do Mortensen e do Novak Djokovic, que fez questão de conhecer o clube numa recente visita à Argentina - para reerguer o antigo estádio.

Envolto numa carga emocional muito grande, Los Cuervos não poderiam imaginar que após seis anos desde sua última conquista nacional algo parecido fosse acontecer. Depois de assumir a liderança há duas semanas atrás, uma sequência de empates começou a causar pânico nos fanáticos torcedores azulgrana. E foi com um empate, no Almafitano, cancha do Velez Sarsfield, que também tinha chances de título, que o San Lorenzo pôde comemorar sua redenção. Graças a um empate entre Lanús e Newells, diga-se.

Sem orçamento para grandes contratações e com heróis modestos, Juan Antonio Pizzi conseguiu armar uma equipe compacta, que apesar das claras limitações, dispunha de um futebol arrojado. Apesar de ter sido o campeão de menor pontuação da história, os comandados de Pizzi conquistaram 33 pontos em 9 vitórias, 6 empates e 4 derrotas.

Entretanto, o ponto mais marcante na jornada do Ciclón foi a recuperação de jogadores esquecidos pelo tempo, caso do autor da frase que abriu essa prosa, o Leandro Romagnoli. Além dele, jogadores como Mercier, Piatti, Buffarini e Correa também reconquistaram seu respeito após um começo alucinante. Sem contar, claro, com o desfalque de Cauteruccio, o uruguaio matador que se contundiu na hora H, mas que vinha de uma auto-confiança nunca vista antes.

Somando-se à todos esses fatores, havia uma torcida apaixonada e apaixonante do lado de fora (literalmente) do Amalfitano - por motivos de segurança, La Gloriosa Butteler e seus asseclas não puderam assistir à partida do Ciclón no estádio do adversário. Averso ao futebol moderno, e respaldando eternamente as cores do San Lorenzo, Los Cuervos sempre foram uma torcida muito sentimental. Claro, além de terem perdido o seu terreno para a ditadura, o San Lorenzo é um dos poucos clubes grandes na Argentina que não possui uma Libertadores. No entanto, esse amor nunca parou. Escute bem esse cântico tradicional dos hinchas azulgrana:

Vengo del barrio de Boedo
Barrio de murga y carnaval
Te juro que en los malos momentos
Siempre te voy a acompañar

Dale, dale matador!
Dale, dale matador!
Dale, dale dale matador!


A união quase religiosa entre San Lorenzo, Los Cuervos e o bairro de Boedo é algo que nem o próprio Papa azulgrana seria capaz de explicar. No entanto, desde sua aclamação no pontífice, a sorte parece ter mudado para o clube argentino. Se Deus realmente existe, é certo que o Papa Francisco pede bençãos para esse time calejado e, por muitas vezes, azarado. Mas também, pudera, pois um clube como o San Lorenzo deve desfrutar de momentos como este. Pouco se viu em território argentino uma combinação de fatos randômicos convergindo no mesmo ponto, e ainda mais a favor de um dos clubes mais sofredores do país. A Libertadores vai ser pequena para essa turma de descontrolados!

Essa é a torcida do San Lorenzo comemorando na famigerada avenida Boedo

Os bons, os maus e os feios

Mais um campeonato brasileiro chega ao fim e com eles surgem novas teorias e histórias. No entanto, não existe nada mais marcado do que eleger a "seleção do campeonato". Justo, até porque é um exercício que premia os jogadores e ajuda a entender porque certos times se deram bem (ou mal). Além de entender melhor o campeonato, se teve melhorias ou não.

Como esse blog não consegue manter-se longe desses exercícios, as listas vão imperar nessa publicação. A primeira, para não fugir do clichê, é a seleção do campeonato:

Apesar de ter sido um campeonato tecnicamente muito fraco, é possível montar uma seleção leve e agressiva como esse 4-3-3

O goleiro poderia ser o Fábio, após mais um ano em grande forma. Porém, graças à surpresa que foi o Atlético Paranaense nesta temporada, Wéverton, oriundo das categorias de base do Corinthians, foi o escolhido. Suas defesas elásticas e movimentos rápidos lhe garantiram o posto de arqueiro da equipe.

Resguardando o Wéverton, temos Gil, único destaque corintiano da temporada, e Manoel, que evoluiu monstruosamente de qualidade desde que debutou pelo Furacão. Nos flancos, Luis Ricardo, que está apalavrado com o São Paulo, fez uma temporada digna e salvou a Lusa em vários momentos (a maioria foram em gols de cabeça, mas sua presença ofensiva é notável). Já o Egídio, outro que evoluiu inexplicavelmente no Cruzeiro, é o líder do time em assistências e passes certos nesse campeonato.

A invasão celeste na seleção propaga-se pelo meio-campo. Nilton, que deixou o Vasco para acertar com o Cruzeiro no começo do ano, marcou mais gols no torneio que os próprios atacantes vascaínos. O jogador celeste tem a parceria de outro volante artilheiro, o Cícero. Um dos poucos que se salvaram no turbulento ano santista foi o volante (que poderia ser centroavante), que a exemplo de Nilton, deixou o seu clube anterior (São Paulo) e marcou mais gols que os atacantes. O craque do campeonato, que é coroado com a camisa 10 da seleção, é o excelente meia-esquerda Everton Ribeiro. Após ótimo campeonato com o Coritiba, o Cruzeiro foi esperto o suficiente para vender o Montillo ao Santos, por uma grana absurda, e contratar a jovem promessa. Ribeiro cansou de deixar os atacantes cruzeirenses na cara do gol, além de anotar alguns dos mais belos gols da temporada.

O triunvirato de ataque é de bastante respeito. Respeito, aliás, foi o que Marcelo, jovem atacante do Atlético Paranaense, conquistou nessa temporada. Rápido, esperto e dono de uma patada furiosa, o atleticano mostrou que o verdadeiro craque do ataque era ele, e não o Éderson. Diego Tardelli, o outro atacante da seleção, teve uma missão muito ingrata no segundo semestre de 2013: fazer o torcedor do Galo não sentir falta de Ronaldinho. E o atacante se saiu muito bem! Tardelli não só comandou o Atlético Mineiro, como jogou na posição de Ronaldinho com maestria (muitas assistências e alguns gols), liderando uma pequena reação do Galo na tabela. Ainda falando sobre respeito, quem mais conquistou essa virtude foi o centroavante esmeraldino Walter. Seus gols (muitos deles bonitos), movimentação, sendo constante a sua participação nas tramas ofensivas do Goiás, fez com que chamasse para si a atenção de todos. Claro, sua pança também chamou a atenção, mas seus feitos foram muito mais respeitáveis do que a gordura que o cerca.


Boas pechinchas do mercado


Jogadores de Coritiba, Ponte e Lusa emprestaram seus prospectos para a seleção de boas pechinchas. Quem tiver bala na agulha deveria de olhar com carinho para esses jogadores.


Revelado pelo Flamengo, Marcelo Lomba, hoje no Bahia, sempre sofreu com a desconfiança dos diretores e torcedores rubro-negros. Dono de um reflexo muito bom, semelhante ao dos goleiros de futebol de salão, e ótima saída do gol, Lomba se destacou muito no Brasileirão. Se for comparar pela temporada, Lomba foi muito melhor do que o Felipe, hoje titular da meta flamenguista.

A dupla de zaga se resume em Luccas Claro, forte zagueiro do Coritiba, que conquistou a vaga de titular durante o campeonato, e Diego Sacoman, que passou despercebido pelo Corinthians, mas se encontrou na Ponte Preta, onde além de se destacar na marcação também faz seus gols. Luccas é mais marcador do que Sacoman, porém, ambos se destacam pelo vigor físico. Victor Ferraz, lateral-direito do Coxa, que se destacou muito bem pelo Bragantino no Campeonato Paulista de 2012, foi contratado pelo clube paranaense para substituir Ayrton, que transferiu-se para o Palmeiras em 2013. O lateral do Coxa é muito ofensivo, onde abusa dos dribles e desempenha várias jogadas de profundidade. O ponto fraco do jogador de 25 anos é a marcação, onde geralmente deixa uma enorme avenida em suas costas. William Matheus, lateral-esquerdo do Goiás, era perseguido pelos torcedores vascaínos em sua curta passagem por São Januário. No entanto, no clube goiano, William Matheus se destaca pela regularidade no ataque e na defesa. O jovem de 23 anos tem muita força física e lembra o estilo de jogo do lateral da seleção brasileira, o Maicon.

Junior Urso, que se destacou pelo Avaí na temporada passada, foi repassado por um investidor ao Coritiba. Implacável na marcação, e com boa técnica de chute, Urso foi a peça sólida do meio-campo do Coxa enquanto a equipe esteve na parte de cima da tabela. Sua contusão no meio do campeonato refletiu no desempenho defensivo do clube paranaense, ocasionando na vertiginosa queda do time na tabela. Bruno Henrique, que pertence ao Londrina-PR, e que está emprestado à Portuguesa, é um belíssimo meio-campista. O volante é a síntese do jogador moderno: marca muito bem e tem uma visão de jogo espetacular. Durante todo o campeonato da Lusa é possível ver seus lançamentos e gols de fora da área. Com uma categoria muito fina no toque de bola, Bruno Henrique é alvo de disputa entre Santos e São Paulo para a próxima temporada. O clube que vencer esse embate vai contratar o melhor meio-campista jovem desta edição do BR-13. Já o outro jogador de destaque da Lusa neste Brasileirão, o meia Moisés, mostra muita categoria com a bola. Muito bom no passe, e com muita técnica para dominar a bola, Moisés se destacou na campanha de recuperação do clube paulista no Brasileirão. Vindo do América-MG, onde cansou de consagrar o Rodriguinho (que era taxado como o craque da equipe e fora vendido ao Corinthians), Moisés já tem experiência suficiente para jogar por um clube grande.

O trio de ataque, que começa com Rildo na ponta-direita, mostra o quanto tivemos jogadores de força física se destacando neste ano. Apesar de sua fama ter sido reverberada pela campanha da Ponte na Sul-Americana, Rildo foi o destaque da Macaca mesmo quando o responsável pelos gols do time fora o William, ex-Santos (e outra penca de clubes). Rildo, que fora renegado pelo próprio Santos enquanto jogava pelo Vitória (o jogador tinha fama de "problemático"), é muito veloz e inteligente. Quando o atacante coloca a bola na frente é quase impossível alcançá-lo. Na outra ponta do ataque temos o destaque do Criciúma nesta temporada, o atacante Lins. Com várias passagens por diversos clubes do país, uma delas no Grêmio, Lins nunca se destacou com a mesma constância de agora. Autor de 11 gols, Lins é notabilizado pela categoria no arremate e pela ótima movimentação no ataque. O atacante funciona melhor quando tem um companheiro que fica mais parado, fazendo o famoso pivô para sua chegada de trás. Comandando o ataque, o centroavante da Lusa (que está emprestado pelo Internacional), Gilberto, se destacou bastante no segundo turno do Brasileirão. Autor de 14 gols, o atacante lusitano surpreendeu muitas pessoas após o ostracismo depois que assinou com o Colorado. Tratado como joia nos tempos de Santa Cruz, Gilberto assinou com o Internacional na temporada passada e nada fez pelas bandas gaúchas. No entanto, pela Lusa, Gilberto tem a incrível marca de 0,52 por jogo, e já começou a atrair os olhares do São Paulo. Rápido e bom no arremate, Gilberto é uma boa aposta, sendo que ele possui apenas 24 anos e que pode gerar lucro futuramente.


Destaques e decepções

Destaques: Cruzeiro/Atlético-PR. O clube mineiro, campeão Brasileiro de 2013, obviamente é o grande destaque deste ano. Porém, o Cruzeiro não teve muitas dificuldades para conquistá-lo, já que poucas vezes se viu um campeonato tão fraco quanto esse. Marcelo Oliveira, treinador celeste, montou uma equipe muito leve, ofensiva e objetiva. Goleadas, poucos passes trocados e muitas bolas chutadas a gol foram grandes características do clube em um campeonato notabilizado por acontecerem casos contrários ao do time mineiro. Já o clube paranaense, que conquistou uma vaga na pré-Libertadores no ano em que retornava a Série A, mostrou uma nova faceta, porém óbvia, aos clubes do país: usou um time sub-23 no estadual enquanto o time principal excursionava pela Europa. O resultado foi colhido no Brasileirão, com um time voando baixo e pegando vários clubes grandes de surpresa.

Decepções: Fluminense/Internacional. O primeiro clube do país (e numa liga influente) a ser rebaixado no ano seguinte de seu título nacional, o Fluminense é a grande decepção de 2013. Apesar de perder Wellington Nem e Thiago Neves, negociados no meio do certame, e Fred por contusão, algumas coisas foram mais vitais para a derrocada do clube carioca. A primeira, obviamente, foi a contratação do "pofexô" Luxemburgo, que vêm num pleno declínio com um salário absurdo. Todo mundo sabe que nenhum medalhão (apesar da perda de Nem, Neves e Fred, o Flu ainda tinha muitos medalhões) aceita um treinador ultrapassado e arrogante ganhando mais do que ele. O segundo erro foi demitir o Abel Braga mesmo sabendo que o erro não era dele, e sim do elenco danificado pelas lesões e pela falta de reposições com as peças perdidas. O último, e terceiro erro, foi apostar nos jovens na hora errada. Lançar mão de jovens jogadores é extremamente perigoso, pois muitos deles vêm com "defeito de fábrica" que podem custar caro em momentos essenciais. Foi o que aconteceu com os jovens do Flu, especialmente no caso do atacante Biro-Biro. Já o Colorado, que gastou milhões em reforços renomados para 2013, deixou a desejar como de costume. O problema é que desta vez a decepção colorada foi pior do que nas últimas edições do Brasileirão, sendo que o time chegou a flertar, mesmo com pouquíssimas chances de acontecer, com o rebaixamento na última rodada. Dono do 15º posto, o Internacional ficou apenas a 2 pontos do primeiro rebaixado, o Fluminense, que fez 46. Com uma defesa muito ruim, um time que não roda e um ataque decepcionante (apesar de contar com Forlán, Damião, Scocco e Jorge Henrique), o Inter demitiu Dunga e promoveu Clemer. Nada mudou, pouco se criou e quase tudo ruiu. O que fica de legado nesse ano ridículo do Colorado é a aparição do jovem meia Otávio, que além de D'Alessandro, era o único jogador que parecia ter vontade de jogar bola. Além da decepção por mais um ano perdido no Nacional, fica também a iminência de perder o argentino D'Alê, que está cansado de mais um insucesso e pode deixar a equipe.


Conclusão

O campeonato Brasileiro desse ano foi um dos mais fracos e alarmantes dos últimos tempos. Ficou claro que a tabela foi nivelada por baixo, como costuma se dizer sempre que esse fenômeno acontece. Deixando o Cruzeiro de lado, todos os clubes tiveram momentos muito questionáveis durante o certamente. O Grêmio, vice-campeão, ficou 19 rodadas sem ter um gol marcado por um atacante. Sem contar que a maioria dos placares do tricolor gaúcho foram por 1x0, com um desempenho extremamente covarde (pra não dizer esdrúxulo). O Botafogo, que chegou a sonhar em disputar o título pau-a-pau com o Cruzeiro, decepcionou formidavelmente ao cair de produção e não se recuperar. O alvinegro carioca ainda tem chances de pegar uma Libertadores, caso a Ponte Preta não conquiste a Sul-Americana, porém, nada justifica o péssimo futebol apresentado e as injustas críticas ao craque do time, o Seedorf. O trio dos grandes de São Paulo evidenciam o quanto esse campeonato foi muito mal tecnicamente. O São Paulo, que chegou a ver a água da zona de rebaixamento bater no queixo, recuperou-se com o retorno de Muricy Ramalho. No entanto, o tricolor paulista, apesar do bom segundo turno, teve, num todo, um péssimo ano com um péssimo futebol jogado (especialmente pela defesa). O Santos, apesar de ter sido o melhor paulista colocado (ficou em sétimo), demorou a juntar os cacos das humilhações do primeiro semestre e falhou em momentos cruciais durante o campeonato (empatou com o Náutico e Coritiba em casa, além de empatar com o Vasco após abrir 2x0 no Maracanã). O treinador interino, Claudinei Oliveira, apesar de possuir um bom conhecimento sobre futebol, pecou por não ousar e acabou sendo sacado no final do campeonato. Já o Corinthians, que dentre os três era o clube com melhor elenco e mais grana para se reforçar, foi o pior entre eles. Empates, empates e mais empates, além de um futebol mais entendiante do que um filme iraniano em preto e branco, acabou optando por não renovar com o Tite. Nem um cartel de conquistas do tamanho do Tite é capaz de segurar alguém no Brasil. É essa a evolução no futebol tupiniquim? Apesar de ter sido campeão da Copa do Brasil, o Flamengo não é nem de longe um time modelo ou divertido de se assistir. Não é também um time organizado, mas, que pela camisa pesada que possui, levou um caneco. Contando com tudo que já foi dito aqui, dá pra entender que o futebol nacional não está nem perto de ser interessante. O Galo, que tinha o time mais insinuante no começo desse ano, esqueceu completamente o Brasileirão. O pior é que ninguém tentou copiar, ou melhorar o futebol, e a maioria optou por fazer justamente o contrário. Com times medrosos, a massacrante maioria dos jogos foram difíceis de assistir.

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