Archive for julho 2013

A volta dos que não foram, parte 1

O futebol é um esporte extremamente cíclico. A necessidade de renovação do clube para criar novos craques, e com isso ganhar dinheiro em futuras transferências para o mercado estrangeiro, é bastante intensa. Para que esse processo dê certo, a categoria de base desempenha um papel essencial no desenvolvimento dos jogadores.

Porém, como nem tudo na vida são flores, algumas dessas promessas não vingam. Com isso, muitos jogadores acabam em clubes muitas vezes obscuros, bem longe dos holofotes que eles tanto almejavam no início de suas carreiras.

Há mais ou menos dois meses, eu decidi peneirar uma seleção só com jogadores que tiveram os seus nomes ventilados no cenário brasileiro como novos Ronaldinhos, Zicos, Ronaldos, Cafús e etc. Logo constatei que são inúmeros jogadores badalados que nunca alcançaram o estrelato. Por isso, estabeleci alguns critérios para eleger os rojões molhados da nova safra do futebol nacional. Eis os critérios:

- Os jogadores revelados tinham que ter aparecido estritamente entre 1996 e 2011
- Ter passagens pelas seleções de base, ou seleção principal
- Ter disputado a Copa São Paulo de Futebol Junior

Com a ajuda de alguns amigos, consegui escalar dois times inteiros que se enfrentariam numa partida imaginária. Ao todo, foram 22 jogadores recordados nesse breve período. Lembrando que jogadores revelados entre 2012 e 2013 foram "poupados" , pois seria muito injusto "queimá-los" com tão pouco tempo de profissionalismo.

Entretanto, em nome da boa e velha curiosidade, nesse primeiro post eu só vou revelar os jogadores do Time A. Vamos à eles:

Time A: Renan; Amaral, Gladstone, Aislan e Bruno Bertucci; Dudu Cearense, Mozart e Kerlon; Lulinha, Lenny e Tiago Luís.

Renan: Apesar de ter apenas 22 anos, Renan, que foi revelado pelo Avaí-SC e que também defendeu as categorias de base da seleção brasileira, conseguiu rodar por três clubes diferentes em menos de três anos. Contratado pelo Corinthians em 2011, o jovem goleiro foi queimado no clube da capital devido a sucessivos frangos durante a disputa do Brasileirão (que o clube viria a conquistar) naquele ano. Desde então, Renan passou pelo Vitória, Estoril Praia-POR e atualmente defende, por empréstimo via Corinthians, o Guarani de Campinas na terceira divisão do Brasileirão.

Amaral: Antônio Cleílson da Silva Feitosa, popularmente chamado de Amaral, começou a carreira como lateral-direito do Fortaleza. Por se destacar no apoio ao ataque, o cearense fora convocado para defender a seleção sub-20 no Sulamericano de 2005. Após boa participação com a amarelinha, o jogador chamou a atenção do Palmeiras que o contratou. No entanto, Amaral nunca deu certo no Verdão, onde sempre amargurava o banco de reservas. Além do alviverde da capital, o lateral defendeu o rival Corinthians, também sem sucesso, e fora emprestado para meio mundo. Em suas andanças, hoje o Amaral defende as cores do Caracas, da Venezuela.

Gladstone: "Você vai cagar ou vai jogar bola?", foi o que Gladstone, zagueiro recém-promovido da base do Cruzeiro, teve que ouvir de Vanderlei Luxemburgo antes da final da Copa do Brasil de 2003, contra o Paysandu. Se não bastasse o teor da fala, Luxemburgo segurava uma fralda em suas mãos enquanto dirigia a palavra ao zagueiro. Gladstone foi bem durante o jogo e ajudou o Cruzeiro a levantar a taça. Porém, depois do breve sucesso no clube celeste e na seleção pré-olímpica, o zagueiro enumerou diversas "cacas" em sua carreira. Por incrível que pareça, Gladstone já atou pelo Juventus-ITA e pelo Sporting-POR, onde conquistou uma Taça de Portugal. Aqui no Brasil, após a passagem maluca pelo Cruzeiro, Gladstone chegou a defender o Palmeiras (talvez o único clube de maior expressão que lhe restou), Náutico, Portuguesa e Duque de Caxias. Vale ressaltar que Gladstone também jogou por três temporadas no Vaslui, da Romênia. Atualmente, o zagueiro parrudão atua pelo ABC-RN.

Aislan: Você provavelmente já ouviu esse nome estranho antes. Você provavelmente não sabe quem ele é, mas sabe que jogou no São Paulo e foi capitão das seleções de base. Aislan era a menina dos olhos do São Paulo, que o tratava como o "novo Lugano". O zagueiro, com pinta de xerife, colecionou lesões e fracassos enquanto defendera o clube do Morumbi. Na seleção, Aislan até que ia bem, mas perdeu espaço para um tal de David Luiz. O ostracismo era tanto, que nem na época das vacas magras do Guarani o Aislan tinha chances. Hoje, longe do São Paulo, Aislan atua como zagueiro do Sion, da Suiça.

Bruno Bertucci: Revelado pelo Corinthians, o jovem lateral-esquerdo ficou famoso quando o clube de Parque São Jorge conquistou a Copa São Paulo de 2009. Bruno Bertucci era cotado pra receber o prêmio de melhor jogador da competição devido à sua ótima campanha com o Corinthians. Muito se falava de sua qualidade nos cruzamentos e de sua habilidade nas cobranças de falta, porém, nada disso chamou a atenção da comissão técnica corinthiana. Bertucci pouco jogou na equipe principal, fazendo com que fosse emprestado para o São Caetano, Eskisehirspor-TUR e Bragantino, num prazo de dois anos. O lateral-esquerdo foi vendido pelo Corinthians ao Grasshoppers, em 2011. Atualmente, Bruno Bertucci joga pelo Neftchi, do Azerbaijão.

Dudu Cearense: Ah, o querido ano de 2003! Um dos anos mais efervescentes e loucos do futebol brasileiro! Uma dessas "efervescências" era um médio-volante do Vitória, o Dudu. O volante, que Galvão Bueno cansou de comparar à Toninho Cerezo durante a Copa das Confederações de 2003, prometia ser o dono da meia cancha tupiniquim. A loucura por Dudu Cearense era irrisória comparada à situação do jogador hoje. O volante surgiu do nada e desapareceu do nada. Após um desempenho satisfatório no Mundial Sub-20 de 2003, Dudu fora convocado para a Copa das Confederações do mesmo ano. Antes da Copa, o volante que defendia o rubro-negro baiano mudou-se para o Japão, onde atuou pelo Kashiwa Reysol. No mesmo ano, ele ainda saiu de lá e foi para o Rennes, da França. Menos de seis meses depois, Dudu acertou com o CSKA Moscou. O jogador, que além de ter conquistado a Copa da Uefa, também conquistou muitas pneumonias e quase não jogou por lá mesmo tendo ficado quatro temporadas. Antes de voltar para o Brasil para defender o Atlético Mineiro, em 2011, Dudu Cearense tinha jogado três anos no Olympiakos-GRE. Enquanto esteve no Galo, Dudu só era lembrado quando era expulso. Hoje, Dudu é reserva no Goiás.

Mozart: Um dos jogadores mais emblemáticos dessa postagem, Mozart era nome constante nas convocações das seleções de base. Inclusive, o volante revelado pelo Curitiba jogou os Jogos Olímpicos de 2000, na fatídica edição em que o Brasil perdeu para a seleção de Camarões na prorrogação. Mozart saiu cedo do Brasil, aos 21 anos, quando trocou o Flamengo pelo Reggina-ITA. Depois de quatro temporadas no clube italiano, o volante se mudou para o Spartak Moscou. Lá ele permaneceu por mais cinco anos e ficou escondido dos holofotes até acertar o seu retorno ao Brasil, quando assinou com o Palmeiras em 2009. Sua passagem pelo alviverde começou bem, mas terminou melancolicamente. Mesmo assim, Mozart ainda conseguiu se manter no futebol por mais três anos. O volante canhoto, após sair do Palmeiras, ainda jogou pelo Livorno-ITA e Nanchang Nayi-CHI. Hoje, aos 33 anos, Mozart é fabricante de aguardente.

Kerlon: Quem não se lembra do Foquinha? Em 2005, os brasileiros ficaram chocados quando Kerlon, em dado momento da partida, levantou a bola até a cabeça e equilibrou-a em direção ao zagueiro colombiano no Mundial Sub-17. Em seguida, o colombiano meteu um pontapé em sua barriga parando a jogada. Foi aí que o fenômeno se instaurou. Kerlon era reserva da seleção, mas logo ganhou o apreço dos brasileiros pelo drible da foca. O lance era reprisado a exaustão, e muito se falava de sua legalidade (sempre esteve dentro da regra). Em 2007, Kerlon reapareceu com o seu polêmico drible. Depois de muitos altos e baixos, o Foquinha ganhou regularidade e foi se firmando no time do Cruzeiro. Porém, foi no dérbi mineiro que Kerlon reapareceu para a mídia nacional quando aplicou o drible da foca em Coelho, lateral-direito do Atlético Mineiro, que revidou com uma falta dura. A jogada resultou na expulsão do ex-jogador atleticano e na fúria de Emerson Leão, que julgou o lance como ato de desrespeito. No entanto, esse foi o último gracejo de Kerlon. Em 2008, o jogador foi vendido ao Inter de Milão, lugar onde nunca conseguiu jogar. Foi aí que o declínio começou. Logo de cara o foquinha foi emprestado ao Chievo. Depois de uma temporada no ostracismo, Kerlon foi emprestado para o Ajax. E depois do Ajax? Outro empréstimo, só que para o Paraná. E depois disso? Outro empréstimo! Dessa vez Kerlon foi parar no Nacional de Patos-MG. Depois de muita decadência, o seu contrato com a Internazionale foi encerrado, e Kerlon foi parar na terceira divisão japonesa onde defendeu as cores do Fujieda MYFC. Atualmente, o Foquinha tenta realizar o seu famoso drible no campeonato nacional da terra da Rihanna, Barbados. No Weymouth Wales, Kerlon atua ao lado do brasileiro Lineker, e do irmão mais novo de Nigel Hasselbaink, o Marvin.

Lulinha: Luís Marcelo Morais dos Reis, o popular Lulinha, autor de 297 gols nas categorias de base do Corinthians e de inúmeras convocações para seleções de base (disputou o Sulamericano Sub-17 e o Mundial Sub-17 em 2007), é, sem dúvida alguma, o maior rojão molhado da história do Corinthians, e também do futebol brasileiro. É difícil imaginar, mas Lulinha só tem 22 anos e já carrega essa fama inglória de ser uma decepção. A repercussão de sua trajetória no futebol juvenil lhe garantiu um contrato de R$ 105 milhões, após o Barcelona e o Chelsea sondaram a situação do jogador. Como só se falava no fenômeno Lulinha, todo mundo achava que o atacante seria a salvação do Corinthians no rebaixamento que se tornou eminente ao final. O garoto foi promovido durante a turbulência alvinegra e nada fez, sendo tragado pela Série B. Mesmo atuando numa divisão inferior, Lulinha não desempenhava o seu papel quando tinha a oportunidade de fazê-lo. O salvador acabou se tornando em um problema grande para o Corinthians, que o emprestou para o Estoril-POR, em 2009, e para o Olhanense-POR (da segunda divisão), em 2010. Em 2011, Lulinha, que tinha aquele contrato caríssimo que ninguém pagaria por ele, fora emprestado ao Bahia. O Tricolor de Aço fez bem ao jovem jogador por algum tempo, onde ele chegou a marcar alguns golzinhos. Porém, já em 2012, nenhum desses gols foram bons o suficiente para o atacante se firmar no plantel baiano. Aliás, poucos foram os gols nesse ano. Depois de sair de graça do Corinthians, com uma multa rescisória daquele tamanho, Lulinha assinou com o Ceará, tentar ajudar o Vovô a retornar à divisão de elite do futebol nacional. 

Lenny: Após começo avassalador pelo Fluminense, em 2005, Lenny era a bola da vez no Brasil. Devido ao assustador aproveitamento dentro da pequena área, o franzino atacante do Fluminense foi comparado à outro jogador que era franzino e fazia muitos gols dentro d'área: Romário. Em 2006, uma lesão no joelho deixou Lenny fora de combate por algum tempo. Depois da lesão, o seu assombroso aproveitamento decaiu até que o Fluminense o emprestou ao Braga-POR, em 2007. Em 2008, o atacante reapareceu no Palmeiras com o status de matador. A reviravolta do carioca era dada como certeza pelos dirigentes palestrinos. No entanto, a tal confiança depositada no atacante acabou sendo destruída graças ao pífio desempenho de Lenny. Se não bastasse as atuações apagadas, Lenny sofreu outra lesão no joelho, o que lhe deixou à mercê do DM. Depois de dois anos parado, o atacante atuou por Figueirense, Boavista-RJ e Ventfort-JAP, antes de assinar com o Madureira. É difícil dizer que as lesões ocasionaram o baixo desempenho do atacante, ou que isso aconteceu simplesmente pelo fato do jogador não ser tão bom assim. A única certeza é de que Lenny já tem 25 anos e uma história desagradável.

Tiago Luís: Comparar jogadores no começo da carreira é extremamente nocivo para os jovens atletas. Esse erro induz não só o jogador, mas também o torcedor da equipe na qual ele representa, à ilusão de que existe um craque ali. Pois bem, o caso do Tiago Luís é exatamente esse, mas com um agravante. Taxado de "novo Messi" na capa do jornal "Marca", um dos jornais mais sensacionalistas do mundo, o atacante recém-promovido da base do Santos, após boa participação na Copa São Paulo, ficou conhecido no mundo todo. Quem viu o Tiago Luís jogar na base sabia que ele não era tudo isso. Além de ser parrudo, ligeiramente mais alto, e bem menos insinuante que o Messi, o jogador conseguiu uma multa rescisória muito grande com o Santos - digna de Lionel Messi (na época). Além disso, Tiago Luís foi alçado num momento turbulento do Santos. Em 2008, a crise no clube da Vila Belmiro era tanta que o alvinegro quase foi rebaixado no Campeonato Brasileiro. O jovem atacante, que nem de longe lembrava o Messi, obteve desempenhos horríveis e com poucos gols. Em 2009, o clube melhorou um pouco de estrutura, com jogadores um pouco mais tarimbados. Porém, Tiago Luís parecia sem confiança, e o seu futebol só piorava. No mesmo ano, o "novo Messi" fora emprestado ao União de Leiria-POR, e só retornou ao Santos em 2010. Mesmo com um timaço e um clima mais calmo na baixada, Tiago Luís não conseguiu vencer a disputa com Marcel, Zé Eduardo, Robinho, André e Maikon Leite. O que aconteceu? Tiago foi parar no Bragantino por empréstimo (até começou bem, mas o bom desempenho não perdurou). Vítima de uma propaganda enganosa, Tiago Luís contou com outro empréstimo, desta vez para o XV de Piracicaba, antes de terminar o contrato com o Santos. Bragantino e Mirassol foram os destinos de Tiago antes de ser contratado pela Chapecoense, onde atualmente é reserva.

O poder do futebol

O futebol é uma arte que possui inúmeras definições. Ele não é apenas um esporte qualquer, pois é o único que transcende a vã consciência humana. Poucas coisas na vida podem ser capazes de transformar a sanidade de um homem, mulher, ou uma simples criança como o futebol faz.

Atualmente, o futebol está transformando a vida de um país, ou melhor, a vida de 21 jovens garotos oriundos de uma terra miserável. A seleção Sub-20 do Iraque está provando mais uma vez que o futebol é uma coisa sem explicação. Os árabes estão nas semifinais da Copa do Mundo Sub-20!

Como pode um país que vive em condições desumanas há séculos disputar uma semifinal de competição na qual o Brasil, o país pentacampeão mundial, sequer conseguiu se classificar? Não falo só do Brasil, a Argentina e a Holanda também não conseguiram.

Os garotos iraquianos estão próximos de conquistar uma inédita vaga para a final de um torneio organizado pela Fifa. Os únicos brilhos semelhantes na história desse país apaixonado pelo futebol foram as quatro taças das Nações Árabes e a Taça Asiática de 2007.

O Iraque vai disputar nesta quarta-feira, contra o Uruguai, uma vaga na final. Do outro lado da chave estão França e Gana. Os favoritos, obviamente, são os sulamericanos e os europeus. Contudo, devido ao retrospecto iraquiano nesta competição, seria um destempero ignorar o poderio árabe.

A surpreendente campanha desses meninos começou já na fase de grupos, quando o Iraque terminou na primeira posição do Grupo E. Grupo esse que terminou com o Chile em segundo e a Inglaterra em último. Nas oitavas-de-final, o Iraque venceu o Paraguai na prorrogação por 1x0.

Até então, a campanha do Iraque já era notável. Essa era a melhor atuação do país numa competição organizada pela Fifa. Porém, os deuses do futebol reservavam uma guinada na vida desses meninos que seria capaz de chamar a atenção do mundo todo.

Nas quartas-de-final, o Iraque enfrentou a seleção da Coréia do Sul. Sabidamente mais experiente, os coreanos entraram com a responsabilidade de vencer a partida perante os meninos do deserto. Independentemente da seleção principal do Iraque usar metade dos jogadores que estão disputando esse Mundial em seu plantel, a Coréia do Sul entrara para o jogo como favorita. No entanto, o favoritismo passou longe de se constatar.

O tempo regulamentar terminou com o placar apontando a igualdade de 2x2. O Iraque esteve a frente do marcador duas vezes, porém, mais uma vez os iraquianos iriam para uma prorrogação. E por muito pouco eles não saíram vencedores no prolongamento. Faltando dois minutos para o final da partida, Farhan Shukor, atacante do Iraque e um dos destaques da competição, fez o gol que daria a classificação árabe antes dos pênaltis. Entretanto, meio minuto depois a Coréia do Sul empatou. A vaga seria disputada nos pênaltis!

A última vez em que o Iraque havia enfrentado a Coréia do Sul num mata-mata fora na Taça Asiática de 2007, pelas semifinais. Na ocasião, o Iraque não só havia derrotado os sul-coreanos nas penalidades, como havia vencido o torneio. Desta vez, o cenário era praticamente o mesmo, mas com pequenas mudanças técnicas. No entanto, o desfecho fora o mesmo. O Iraque classificou-se após derrotar os Tigres Brancos por 5x4.

O gostoso do futebol são as surpresas. O Iraque vem sendo um deleite não só pelo imprevisível, mas também pelo simbolismo dessa geração. Se não bastasse a guerra que ainda assola o país, desses 21 jogadores inscritos no Mundial, 18 atuam em clubes nacionais, um jogador atua fora do país (Emirados Árabes) e dois meninos não possuem um clube para jogar.

Mesmo contra todas as probabilidades e possibilidades, o Iraque se mantém vivo na competição. Contando com alguns jogadores com futuro muito promissor, como o já citado Farhan Shukor, que é um atacante de muita habilidade e faro de gol, o Iraque ainda possui  Mohannad Abdul-Raheem, companheiro de Shukor no ataque, os ótimos volantes Ali Faez e Saif Salman, além do elástico goleiro Mohammed Hameed.

Ignorando o que possa acontecer nesta quarta-feira, quando enfrenta o Uruguai, a mensagem passada pelo Iraque é a mais bela de todas. Uma perseverança descomunal que nos faz compreender o quão somos bestas de achar que o futebol é simples. Ele não é. Por conseguirem sobreviver em condições desleais em comparação aos rivais derrotados, os meninos do deserto já deixaram a melhor das impressões. Jamais devemos subestimar o poder do futebol.

Um pesadelo ucraniano

O que você pensaria depois de ler que mais de R$ 101 milhões foram gastos com quatro jogadores brasileiros? Muita grana, né? No entanto, o que você pensaria depois de saber que desses R$ 101 milhões cerca de R$ 87 milhões foram gastos apenas por um clube? Cruel, não é? E se eu te dissesse que o país desses dois clubes que investiram toda essa grana atravessa um grande problema econômico? Irônico, certo?

Shakhtar Donetsk e Metalist Kharkiv são os clubes em questão que gastaram [por enquanto] mais de R$ 101 milhões, e levaram quatro jogadores brasileiros para disputar o campeonato ucraniano. E pior, todas as negociações foram sacramentadas em menos de uma semana!

Conhecido por grande parte dos brasileiros, o Shakhtar Donetsk contratou o atacante Wellington Nem (ex-Fluminense) por R$ 25 milhões, o meia-atacante Fred (ex-Internacional) por R$ 26 milhões e o volante Fernando (ex-Grêmio) por R$ 36 milhões. No total, o clube dos Mineiros gastou cerca de R$ 87 milhões em uma semana!

Já o Metalist gastou "apenas" R$ 14 milhões na contratação do zagueiro colorado Rodrigo Moledo durante o mesmo período.

Os números, por grande parte relacionados ao Shakhtar, assustam. Entretanto, essa gastança deve aumentar. O clube de Donetsk já formalizou uma proposta de R$ 36 milhões para tirar o meia-atacante Bernard do Atlético-MG.

Como todos sabem, a Ucrânia pertenceu à União Soviética por um longo período. Os ideais do comunismo também afetavam o futebol, de maneira que não era permitido a contratação de jogadores estrangeiros. Com a queda do regime, as famosas estatais e companhias de metalurgia obtiveram um acréscimo considerável em seus lucros.

Dentre os clubes que vão disputar a Premier Liha (Premier League/Primeira Divisão) 2012/2013, apenas DOIS clubes ucranianos não possuem [ainda] jogadores brasileiros: o Vorskla e Illichivets.

Apesar da grande imigração brasileira pro futebol ucraniano, o primeiro jogador que deixou o Brasil rumo à Ucrânia foi Brandão (ex-Cruzeiro, Grêmio e São Caetano) em 2001. E adivinha qual time ele foi defender? Isso, o Shakhtar Donetsk. Desde Brandão, jogadores como Elano, Ilsinho, Dentinho, Alex Teixeira, William, Alan Patrick, Leonardo e outros nomes foram contratados pelo time da região de Donbass.

O Shakhtar, a segunda casa dos brasileiros na Europa, sempre foi um clube de médio porte na época da URSS e até meados de 1995 na própria Ucrânia. Porém, a sorte do clube mudou quando a União Soviética desmantelou-se, dando origem as oligarquias e estatais que antes pertenciam à Federação Socialista.

Entretanto, um fato estranho ronda o clube. Em 1995, o então presidente do Shakhtar, Akhat Bragin, fora assassinado DENTRO do estádio devido à explosão de uma BOMBA. O braço-direito de Bragin, e atual presidente do clube, Rinat Akhmetov, assumiu o comando.

Akhmetov, que chegou a ser o 47º homem mais rico do mundo, é um homem muito controverso. Ele é o fundador da SCM (System Capital Management), principal seguradora na Ucrânia e uma das mais famosas do Leste Europeu. No entanto, Akhmetov é comumente relacionado ao crime organizado, sendo que a polícia nunca descartou a sua participação na organização do atentado ao ex-presidente do Shakhtar.

Para se ter uma ideia da transformação do Shakhtar Donestk, basta comparar o histórico do clube até 2001, ano da conquista de seu primeiro campeonato ucraniano. Até então, as únicas conquistas da equipe foram quatro Taças da URSS e uma Super Taça da URSS. Depois de 2001, os Mineiros conquistaram 8 Ligas da Ucrânia, 9 Taças da Ucrânia, 4 Supertaças da Ucrânia e uma Copa da Uefa.

Atualmente, o Shakhtar Donetsk conta com 14 jogadores brasileiros inscritos em seu plantel, sendo que dois deles estavam emprestados e retornarão à equipe para a próxima temporada. Contudo, o clube ucraniano se desfez de um de seus ícones brasileiros, o meia Fernandinho, que se transferiu para o Manchester City nesta janela de verão do mercado europeu. Ainda neste ano, mas antes do término da temporada, William (ex-Corinthians), tinha se transferido para o Anzhi.

Dos 14 jogadores brasileiros no elenco do Shakhtar, apenas um deles atua na defesa. Coincidência? Não! Mircea Lucescu, treinador da equipe, pede para que o clube contrate jogadores brasileiros para rechear a equipe do meio para a frente, sem se importar com a defesa. Teoricamente, a equipe titular do Shakhtar é composta de jogadores não-brasileiros na defesa (com exceção do brasuca Ismaily) e de brasileiros no meio-campo e ataque.

Os 14 brasileiros que atuam [por enquanto] no Shakhtar são: Ismaily (ex-Desportivo Brasil e São Bento), Douglas Costa (ex-Grêmio), Alex Teixeira (ex-Vasco), Alan Patrick (ex-Santos/ emprestado ao Internacional), Bruno Renan (ex-Grêmio/ emprestado ao Criciúma), Dentinho (ex-Corinthians/ retorna de empréstimo do Besiktas), Maicon (ex-Fluminense), Ilsinho (ex-São Paulo), Luiz Adriano (ex-Internacional), Taison (ex-Internacional), Fred (ex-Internacional), Fernando (ex-Grêmio), Wellington Nem (ex-Fluminense) e, apesar de ter se naturalizado croata, Eduardo da Silva (ex-Arsenal).

O Metalist Kharkiv, citado posteriormente, que contratou Rodrigo Moledo, é uma equipe com retrospecto ainda mais modesto que o do Shakhtar Donetsk. Tendo vencido apenas um titulo em sua história (uma Taça da URSS), o Metalist chama a atenção pelos altos investimentos que vem fazendo.

Apesar de não ter muita história para contar, o Metalist abriga oito jogadores brasileiros em seu plantel. Mesmo com apenas três anos de casa, Cleiton Xavier (ex-Palmeiras, Internacional e Figueirense) é o ídolo mor da equipe. Além do meia, o clube conta com os seguintes brasileiros: Fininho (ex-Corinthians), Márcio Azevedo (ex-Botafogo e Atlético-PR), Marlos (ex-São Paulo e Coritiba), Jajá (ex-América-MG, Flamengo, Internacional/ emprestado ao Trabzonspor), William (ex-Corinthians e Figueirense) e Edmar (ex-Paulista/ naturalizou-se ucraniano).

Além dos brasileiros, o Metalist possui seis jogadores argentinos em seu plantel. Com exceção do goleiro, a equipe titular do Metalist na última temporada era composta apenas por jogadores sulamericanos.


Outros clubes tradicionais também possuem os seus brasucas

Dynamo Kiev: Qual era o maior clube da extinta União Soviética? A resposta para essa pergunta pode ser dividida com três equipes. Como o assunto é o Campeonato Ucraniano, o Dynamo Kiev, conquistador de 13 Ligas da URSS, 9 Taças da URSS e 3 Supertaças da URSS é considerado - juntamente com Spartak Moscou e Dynamo Moscou - o maior time da antiga Federação. Atendo-se ao Campeonato Ucraniano, o Dynamo possui 13 Ligas, 9 Taças e 5 Supercopas. Além desses troféus, o clube também conquistou duas Copas da Uefa (1974/75 e 1985/86).

A história do Dynamo Kiev é completamente adversa à história do Shakhtar, que é atualmente o seu maior rival. O clube da capital sempre esteve acostumado às glórias, o número de conquistas não mentem. No entanto, um caso atrelado ao Dynamo deixa essa mistura muito mais saborosa. Muitos de vocês já ouviram falar do Start e do "Jogo da Morte" (na próxima semana eu publico um post que explica o que realmente aconteceu), que nada mais era do que os jogadores do Dynamo, do Lokomotiv e dos padeiros de Kiev que enfrentaram soldados nazistas em uma partida no estádio do Zenit. Por esse, e outros motivos, sentimento pelo futebol é muito grande na cidade de Kiev.

Por ser um clube enraizado, demorou muito para que o Dynamo contratasse jogadores fora da Ucrânia, ou da URSS. O primeiro brasileiro que atuou pelo clube de Kiev foi Diogo Rincon, ex-Internacional, em 2001, um pouco depois da chegada de Brandão ao Shakhtar.

Atualmente, o Dynamo Kiev possui apenas três jogadores brasileiros no seu elenco. São eles: Betão (ex-Corinthians e Santos), Danilo Silva (ex-Internacional e São Paulo) e Dudu (ex-Cruzeiro).

Dnipro: Se existe uma equipe que não lucrou com a separação da União Soviética na Ucrânia, essa equipe é o Dnipro. Dentre os grandes clubes ucranianos, o Dnipro é o mais velho (fundado em 1918). Por não ter grandes conquistas atuais, e muito menos participações constantes em competições europeias, o Dnipro não é muito conhecido aqui no Brasil. Aliás, um outro fator que pode contribuir para essa barreira do desconhecimento é a cidade de onde vem o Dnipro: Dnipropetrovsk, que é a quarta maior cidade da Ucrânia e possui um nome quase irreprodutível.

A "saudade" que os torcedores do Dnipro devem sentir da época da URSS é estritamente pelos troféus. Durante esta época, a equipe conquistou 2 Ligas, 1 Taça e 1 Supertaça. Títulos esses que até hoje são os únicos motivos de felicidade dos torcedores.

Mas, se os brasileiros não conhecem muito bem o Dnipro, os petroleiros ucranianos conhecem muito bem os brasileiros. Atualmente três jogadores brasileiros atuam por lá: Douglas (ex-Vasco), Giuliano (ex-Internacional) e Matheus (ex-Itabaiana e Braga).

Chornomorets Odessa: Outra equipe tradicional, porém praticamente desconhecida dos brasileiros. O Chornomorets, popularmente chamado de Marinheiros, é uma equipe com uma história muito interessante.

Chornomorets é, literalmente, traduzido como "Homens do Mar Negro". Por ser um clube fundado por marinheiros (alcunha mais do que apropriada para os torcedores), o clube possui um mascote inusitado: uma gaivota! A riqueza do clube, e da cidade de Odessa, origina-se do Mar Negro.

Como Odessa é a terceira maior cidade da Ucrânia, vale-se da premissa de que o Chornomorets é um clube bastante popular no país. Em termos de conquistas, a história é completamente diferente. Os Marinheiros possuem apenas duas Taças da Ucrânia no currículo. Em termos de rivalidade, os torcedores do Chornomorets odeiam o Shakhtar Donestk pelo fato de serem descendentes de mineiros. O clássico é chamado de Sailors vs Miners (Marinheiros vs Mineiros).

Seguindo a tônica, no Chornomorets temos três brasileiros: Léo Veloso (ex-Atlético Mineiro), Anderson Santana (ex-Náutico) e Léo Matos (ex-Flamengo). De todos os clubes apresentados, os brasucas do Chornomorets são tão desconhecidos quanto o próprio clube.

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