Archive for dezembro 2014

O fenômeno "El Niño"

Segundo a meteorologia, os fenômenos "El Niño" são alterações significativas de curta duração na distribuição de temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico, que reflete profundamente no clima. O "El Niño" acontece irregularmente em intervalos de 2 a 7 anos, os ventos sopram com menos força em todo o centro do Oceano Pacífico, resultando numa diminuição da ressurgência de águas profundas e na acumulação de água mais quente que a normal na costa oeste da América do Sul e na diminuição na população de peixes.

Você provavelmente lembra dessa matéria quando tinha que estudar para a prova de geografia no ensino fundamental e, provavelmente, deve estar se perguntando o que isso tem a ver com futebol. Os mais sagazes e viciados em futebol já devem ter sacado ou lembrado do nosso querido Fernando "El Niño" Torres, que voltou para o Atlético de Madrid, que, assim como o fenômeno meteorológico, é um caso bastante peculiar.

Como todos sabem, a carreira do atacante espanhol não está muito boa atualmente. Esse pequeno eufemismo foi mais em respeito à carreira do jogador do que a realidade condiz, pois a verdade é que a fase do "El Niño" é realmente péssima. Nessa temporada, antes de ser repassado por empréstimo do Milan para o Atlético de Madrid, Torres possuía apenas UM gol em DEZ jogos realizados com a camisa rossonera (o certo seria rossoneri, mas como já é comum no Brasil essa grafia, vamos lá). Aos 30 anos de idade, o espanhol encontra-se num dilema, pois, ao contrário do apelido, ele já não é mais nenhum menino e as chances de reencontrar a glória vão ficando cada vez mais escassas.

No entanto, o que levou o menino prodígio do Atlético de Madrid a chegar nesse patamar tão inócuo? Será que ele nos enganou perfeitamente por quase uma década com grandes atuações com as camisas de Atlético de Madrid e Liverpool? A mudança repentina na carreira do jogador só não é mais cruel do que as piadas que ele sofre atualmente dos torcedores rivais (e às vezes até daqueles que deveriam o apoiar).

Entretanto, teve um momento importante que serviu como um divisor de água na carreira do atacante espanhol: a transferência do Liverpool para o Chelsea, na temporada de 2010/2011, por 58 milhões de euros (20 milhões a mais do que o Liverpool pagou para tirar o jogador do Atlético de Madrid, na temporada de 2007/08), no mercado de verão da Europa. Na época, a transferência do Torres era considerada a maior da história do futebol inglês, justificada pela excelente fase do jogador que vinha de quatro temporadas espetaculares com o Liverpool, sendo, em alguns momentos, mais importante até do que o Gerrard, lenda viva dos Reds. As cifras assustadoras depositadas na contratação do jogador só não foram maiores do que o choque causado pela decisão do jogador em trocar de clube na Inglaterra. Torres fora cortejado por inúmeras equipes, inclusive o Real Madrid, enquanto vivia um caso de amor de platônico com o Liverpool. Ele fora terceiro colocado nas Bolas de Ouro da France Football, FIFA (não eram unificadas na época) e World Soccer, em 2008, além de ser o artilheiro da seleção espanhola (na época), campeão do mundo com a Fúria em 2010, na África do Sul, artilheiro da Premier League em 2007/08, jogador mais jovem a vestir a braçadeira de capitão do Atlético de Madrid, com 19 anos, em 2001, e vários outros recordes e títulos coletivos com a seleção espanhola, Atlético de Madrid e Liverpool. Tudo foi pelo ralo no Chelsea. Justamente quando o patamar havia sido elevado.


Essa foi a última vez em que Fernando Torres foi visto como um grande atacante do futebol internacional.
Torres tinha tudo para ser um dos grandes atacantes do futebol mundial atualmente. Por mais ou menos 8 anos, o espanhol, em grande fase, demonstrava muita velocidade, vigor físico, precisão nas finalizações, dribles certeiros e cabeceamento perfeito (como era legal ver o Torres cabecear as lindas bolas invertidas pelo maestro Steven Gerrard). A pressão exercida devido ao alto valor investido na contratação do espanhol foi nociva para o desempenho do atacante, que nem de longe desempenhou o mesmo papel de outrora com a camisa azul do Chelsea. Após quatro temporadas e meia com os Blues, Fernando Torres atuou em 117 partidas e marcou apenas 46 gols, média fraquíssima para um jogador desse calibre.

No entanto, zueira se instaurou na carreira de Torres não apenas por causa do seu fracasso no clube londrino, mas também porque existia uma grande rivalidade  entre Liverpool e Chelsea na época em que ele fora contratado pelo time de azul. Desde que fora contratado pelo Liverpool até o dia em que ele trocou os Reds pelos Blues, Liverpool e Chelsea se enfrentaram inúmeras vezes, especialmente na Liga dos Campeões, com jogos épicos e resultados surpreendentes. Além disso, adicione a raiva que todos os torcedores ingleses têm pelo dinheiro de Roman Abramovich, dono do Chelsea, e o sucesso retumbante do sucessor do "El Niño" no Liverpool, o espetacular Luís Suarez, que atuou em 125 partidas pelos Reds e marcou 82 gols. Vale lembrar que tanto Torres quanto Suarez chegaram ao mesmo tempo em suas respectivas equipes e saíram coincidentemente na mesma janela de transferências. Outro detalhe importante fora a estréia de Fernando Torres, contra o próprio Liverpool, em Stamford Bridge, casa do Chelsea, numa partida em que o adversário dominou o dono da casa e saiu vencedor pelo placar de 1x0.


Muito se fala na Inglaterra que um dos motivos do insucesso do espanhol pelo Chelsea foi uma praga rogada pelos torcedores do Liverpool contra o atacante. Parece que funcionou...

Desastres acompanharam a vida do "El Niño" nos anos subsequentes desde a transferência para o Chelsea, como a perda da titularidade na seleção espanhola (ficou de fora de algumas convocações, mas acabou sendo convocado para o Mundial no Brasil, em 2014), por exemplo. Todos os elementos radioativos que compunham a conturbada mudança de ares do jogador acabaram infectando aquele que um dia foi um espetacular definidor de jogadas e partidas. Torres foi do céu ao inferno quando aceitou receber mais para sair do Liverpool para ganhar mais títulos e, desde então, nunca mais foi o mesmo. A falta de confiança era nítida.

Todavia, a sorte voltou a sorrir novamente para o lado de Fernando Torres. Cansados devido ao baixo rendimento do atacante em campo, o Milan aceitou a proposta do Atlético de Madrid, clube de coração do "El Niño", para liberar o jogador por empréstimo de um ano e meio em troca do italiano Alessio Cerci, que não se adaptou ao clube espanhol. Torres, que sempre transpareceu uma imagem gélida tanto para marcar gols quanto para com Chelsea e Milan, algo completamente diferente dos tempos em que era Colchonero, quando comemorava e participava com uma vontade louvável. Aliás, esse caso é bastante parecido com o do Alexandre Pato, atualmente no São Paulo.

Após sete anos e meio, "El Niño" está de volta ao Vicente Calderón, onde é ídolo e talvez um dos únicos lugares do mundo onde ele ainda é extremamente respeitado. Herói na campanha do acesso do Atlético de Madrid na segunda divisão, na temporada 2001/2002, quando conquistou o título para os Colchoneros, Torres receberá mais uma chance para voltar a ser aquele grande jogador que atuou em altíssimo nível por Atlético de Madrid e Liverpool por quase uma década. A negociação, a primeira instância, parece um tiro no pé do clube Colchonero, que já conta com o ótimo Mario Mandzukic, ex-Bayern de Munique, como camisa 9. O croata se adaptou rapidamente ao estilo de jogo do Simeone no Atléti, além de estar marcando muitos gols pelo clube. Contudo, sua boa fase fez acender um sinal de alerta no clube, pois o Manchester City pretende contratá-lo para substituir os inúmeros atacantes lesionados nessa temporada. São muitos detalhes envolvendo a troca do Torres e a opção do jogador, mas uma coisa é certa: todo o apoio que o Niño receberá de volta à sua casa pode transformar a carreira desse "ex-grande centroavante em atividade", e espera-se que a péssima fase do atacante tenha encontrado um fim depois que os bons ventos futebolísticos se tornaram escassos, assim como acontece com o fenômeno meteorológico que recebe o mesmo apelido que o espanhol.


Torres, jovem e capitão do seu time de coração, nos tempos áureos no Atlético de Madrid. Será que ele volta a ser o que era antes?

12 jogadores alternativos que o seu time poderia contratar

Chegou ao fim mais um Campeonato Brasileiro. O Cruzeiro reafirmou a sua soberania no cenário nacional com o bicampeonato conquistado nesse ano, com dez pontos de vantagem para o segundo colocado, o São Paulo. Vitória, Bahia, Botafogo e Criciúma foram rebaixados para a Série B de 2015, enquanto Joinville, Ponte Preta, Vasco e Avaí subiram para a Série A.

Como já é tradição no Trama, foi elaborada mais uma lista, dessa vez com 20 jogadores, que seriam verdadeiras pechinchas para o seu time contratar para a próxima temporada. Não foi um campeonato bonito de se ver, porém, alguns nomes se destacaram e, com o rebaixamento de alguns clubes, as suas contratações podem se tornar mais fáceis e muito úteis para o seu clube. Veja quais são os jogadores:


Patric (Sport)


















O lateral-direito do Sport não é bem uma revelação, até porque não tem idade para isso (25 anos), mas o seu desempenho no impressionante campeonato feito pelo Sport é digno de receber uma segunda chance numa equipe grande. Revelado pelo Criciúma, e com passagem pela seleção brasileira de base (jogou o Sul-Americano Sub-20 de 2009), Patric já jogou por Benfica, Cruzeiro e Atlético-MG, além de outros clubes médios do Brasil. O lateral-direito é ótimo no apoio, com bons cruzamentos e chutes de média distância. Nesse campeonato, Patric atingiu a impressionante marca de 7 gols gols pelo Sport, sendo que desses 7 gols, três foram contra o Santos.


Pará (Bahia)




















Pará foi um dos poucos jogadores do Bahia que conseguiu se safar da péssima temporada do clube tricolor no Brasileirão. Habilidoso, rápido e com um bom chute de média distância, o lateral-esquerdo é uma ótima aposta no mercado, pois ele tem apenas 19 anos e muito potencial para crescer. Entretanto, o jogador possui uma faceta que pode desagradar alguns pretendentes: o temperamento difícil. Esse "detalhe", infelizmente, ainda é comum entre os jogadores jovens aqui no Brasil, porém, a aposta ainda é válida.


Leandro Almeida (Coritiba)



















Com 27 anos, Leandro Almeida é o jogador mais velho que figura nessa lista de boas contratações. Mesmo não sendo nenhum menino, Leandro Almeida encontra-se no melhor momento de sua carreira, apesar do quase rebaixamento do Coritiba no campeonato. Além disso, 27 anos é a idade perfeita para um zagueiro, porque é nesse momento da carreira que um zagueiro consegue aliar experiência, força física e responsabilidade para se sobressair entre os atacantes adversários. Leandro Almeida foi revelado pelo Atlético-MG antes de ser vendido ao Dinamo Kiev, onde jogou por 5 anos até voltar para o Brasil e assim defender o Coxa Branca. Todas as qualidades mencionadas acima sobre o prumo de um zagueiro correspondem fielmente ao jogador do Coritiba. Vale muito a pena apostar no Leandro Almeida para dar mais segurança ao setor mais inseguro em muitos clubes brasileiros.


Cleberson (Atlético-PR)
















Saiu o Manoel do Atlético-PR, e agora? Bom, agora é a vez de Cleberson, de 22 anos de idade. Nascido no interior de São Paulo, Cleberson é zagueiro e também volante. Com 1,85m de altura, o bom defensor do Furacão costuma marcar muitos gols de cabeça, tanto é que ele foi o zagueiro que marcou mais gols na só no Brasileirão foram 5). Defensivamente Cleberson não compromete, apesar de levar muitos cartões amarelos, o que é compreensível para um jogador tão jovem.  


Gabriel (Botafogo)



















Revelado pelo modesto Paulínia-SP e contratado pelo Botafogo para integrar o time sub-20, em 2011, Gabriel é o único jogador de linha do Fogão que pode ficar tranquilo mesmo com o rebaixamento do clube. Apesar do péssimo time onde jogava, Gabriel conseguia se destacar pela técnica, facilidade no passe e na armação das jogadas, além de ser ótimo no desarme. Suas grandes qualidades são como volante, porém, o jogador também quebra o galho na lateral-direita. Dificilmente o jogador deve permanecer no Botafogo para disputar a segunda divisão, tendo em vista a valorização do jogador nas últimas duas temporadas de alto nível que fez pelo clube carioca. O seu passe não é barato, mas o retorno técnico compensa. E muito. 


Luís Cáceres (Vitória)

















Mais um jogador rebaixado que figura na lista mais alternativa dos últimos tempos desse blog. Luís Cáceres, volante paraguaio que defendeu as cores rubro-negras do Vitória, é um marcador muito forte e de boa chegada no ataque. Revelado pelo Cerro Porteño, Cáceres é um jogador muito raçudo, porém, com boa técnica e noção de jogo. Apesar do péssimo ano do fragilíssimo Vitória, o paraguaio seria uma boa contratação (e barata) para muitos clubes brasileiros que precisam de um volante fixo, incansável na marcação e que proteja muito bem a zaga. Aliás, Cáceres tem apenas 26 anos de idade.


Deivid (Atlético-PR)















A impressão que dá desse próximo jogador é a de que ele tem pelo menos uns 28 ou 30 anos. Deivid tem apenas 25 anos idade e começou muito novo no Atlético-PR, com apenas 19 anos de idade, em 2008. O volante do Furacão parece franzino, mas o seu biotipo é extremamente semelhante ao do Mineiro, que marcou época no São Paulo. Ótimo na marcação, rápido na cobertura e seguro no comando da cabeça de área, Deivid é o típico jogador que não aparece muito para o torcedor ou para a mídia, mas que possui um papel fundamental na espinha dorsal da equipe paranaense. O volante ficou conhecido em 2010 e 2011 por ser "o melhor marcador do Neymar" no Brasil (e que de fato era). Falta aparecer um clube grande disposto a tirar o ótimo volante do Atlético-PR para que todos notem o quão bom ele realmente é.


Bruno Paulista (Bahia)

















Jogador alto (1,89m), canhoto, ótimo na marcação, ótimo chute e personalidade. Nascido no interior de São Paulo, Bruno Paulista, 19 anos, teve um destino diferente da maioria dos meninos desse estado, pois o seu clube revelador é longe da sua cidade natal, a aprazível Nova Odessa. Revelado no Bahia, o grande achado dessa lista pode ser a melhor contratação, e possivelmente a mais benéfica no futuro, para qualquer equipe que tenha uma equipe de olheiros minimamente decente. A visão e o comportamento de Bruno Paulista parecem a de um jogador veterano.


Marcos Guilherme (Atlético-PR)



















Mais um jovem jogador do interior do estado de São Paulo que foi descoberto por um clube longe daqui. Marcos Guilherme, 19 anos, nascido em Itararé, é o que mais sofre com a irregularidade nessa lista, porém, sua habilidade com a bola nos pés, sua categoria no arremate e sua velocidade impressionam o suficiente para querer adquirir o seu passe. Um dos melhores jogadores do Furacão nesse campeonato, Marcos Guilherme possui uma qualidade extremamente valiosa no futebol atual que é correr com a bola grudada no pé, coisa que o Messi faz com maestria (sem nenhum tipo de comparação, por favor).


Erik (Goiás)




















O nome dele é Erik, mas você pode chamá-lo de "Tiro Certo" nessa lista. O fatal atacante do Goiás é uma das apostas mais seguras e válidas para reforçar o elenco do seu time para a próxima temporada. Apesar de não ser muito alto, Erik é um exímio atacante e goleador. Para compensar a baixa estatura, Erik utiliza-se da sua velocidade, deslocamento, posicionamento e drible para desmantelar a defesa adversária. Por jogar num time voltado para o contra-ataque, o jovem atacante de 20 anos era uma arma perfeita, pois a sua velocidade e noção de finalização (impressiona pela beleza nos gols, muitos deles deslocando o goleiro) lembram as dos jogadores europeus. Com 12 gols nesse campeonato, o grande destaque do Goiás não deve permanecer no elenco esmeraldino para a próxima temporada. Por isso é bom correr, porque logo logo um Porto-POR da vida aparece e leva a grande promessa embora daqui.


Douglas Coutinho (Atlético-PR)

















Está procurando por uma versão mais barata e tão eficiente quanto o Marcelo? A solução está no próprio Atlético-PR, que conta com outro jogador muito bom nessa lista. Douglas Coutinho, 20 anos, é natural de Volta Redonda e também já passou pelas categorias de base do Cruzeiro, no sub-15 e sub-17, antes de estourar no Furacão. Coutinho é versátil no ataque, sendo que pode jogar de centroavante, ponta-direta ou ponta-esquerda, justamente por sua velocidade. Entretanto, jogando como centroavante nesse Brasileirão, onde marcou 7 gols, Douglas Coutinho se destacou pelo faro de gol e frieza na finalização, o que lhe garantiu uma convocação para a seleção brasileira sub-20. Com 1,83m e passadas largas, o atlético atacante do Atlético (sic) é uma aposta salgada, mas extremamente válida pelo retorno positivo dentro de campo.


Clayton (Figueirense)

















A grande retomada do Figueirense na tabela do Brasileirão para fugir da última posição e permanecer fora da zona de rebaixamento por tanto tempo teve vários heróis. Um deles foi o bom treinador Argel Fucks, que viu no franzino Claytinho uma válvula de escape para o veloz ataque do Figueira. O clube catarinense contou com várias opções de ataque nesse campeonato, desde Everaldo e Pablo (o primeiro é do Grêmio) até Marcão e Ricardo Bueno, mas o jovem Clayton, 19 anos, foi o que mais chamou a atenção por suas incendiárias partidas vindo do banco de reservas até os jogos que participou como titular no ataque do Figueirense. O nome de Clayton começou a ganhar força no certame à partir do segundo turno, quando o atacante anotou 5 gols, a maioria contra times grandes como Botafogo e Palmeiras (duas vezes). Alguns dos torcedores mais exaltados do Figueira já comparam o menino com o Roberto Firmino, revelado no clube catarinense.

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